sexta-feira, 12 de maio de 2017

'Febre' de aplauso de pé incomoda artistas e críticos de teatro


A Europa era exceção, até poucos anos atrás. Mas também por lá o crítico inglês Michael Billington lamentou que esteja chegando o "hábito sujo americano" de aplaudir de pé no final da peça. Qualquer peça.
O crítico americano Ben Brantley concorda e até lançou um apelo público, no "New York Times", "pela volta do aplauso sentado". Aplaudir de pé, afirma, "virou um gesto social automático", sem sentido.
No Brasil, o diretor Antunes Filho e a atriz Nydia Lícia, com carreiras iniciadas há mais de meio século no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), atestam que "essa mania de levantar sempre", como ela descreve, é recente.
Lenise Pinheiro/Folhapress
Público aplaude monólogo 'A Vida Sexual da Mulher Feia
Público aplaude monólogo 'A Vida Sexual da Mulher Feia'
Antunes arrisca que o hábito se disseminou a partir dos anos 90. "Antes era mais seco", diz. "Agora é um touro bravo, vai que vai. Agora é absolutamente nada."
"Antes era um gesto estrondoso para o ator", relata Nydia, citando, entre os raros aplausos de pé no TBC, "Seis Personagens em Busca de um Autor" (1951), com Sergio Cardoso, Cacilda Becker, Paulo Autran e Cleyde Yáconis.
"Era excepcional", diz. "Agora levantam, assobiam, gritam e fica por isso mesmo. Você não tem mais medida, não sabe até que ponto agradou. O ator fica mimado."
Com a presença crescente de celebridades do cinema e da TV no palco, tanto aqui como no exterior, o fenômeno avançou para o meio das apresentações, para a entrada em cena. "A sugestão é, no caso de estrelas menos veneráveis, como Julia Roberts, 'bom para você, você é famosa'", critica Brantley.
PANDEMIA
Ele reconhece que aplaudir de pé é um "vírus" que pode ter tido sua origem na Broadway, seguindo depois para Europa e outros junto com as franquias dos musicais nova-iorquinos.
Cláudio Botelho, que ao lado de Charles Möeller ajudou a estabelecer os musicais no Brasil, também questiona o fenômeno, mas acrescentando ser mais acintoso por aqui —onde programas de auditório teriam instituído, segundo ele, que "quem quer que apareça é aplaudido".
Lamenta, sobretudo, que "não tem mais diferença: aplaudem de pé tanto Marília Pêra como qualquer grupo jovem". Citando também Bibi Ferreira e Fernanda Montenegro, cobra: "O que você vai dar como reconhecimento às grandes divas?".
São muitas as hipóteses para a "febre", segundo o "NYT": espectadores aplaudem para justificar o ingresso caro; por serem turistas, não habituados ao teatro; pelo alívio físico de se levantar; até para chegar antes à saída, nas plateias lotadas.
Antunes acrescenta um fenômeno local relativamente novo e semelhante àquele dos turistas na Broadway: "A classe média aumentou. É uma coisa boa, mas eles ainda não têm base. Ir ao teatro já é uma vitória social".
Saulo Vasconcelos, protagonista de musicais como "O Fantasma da Ópera" no Brasil e no exterior, soma ainda duas razões específicas, no caso de São Paulo. "As pessoas aplaudem já se levantando para ir embora, porque o estacionamento é um inferno. E também porque o espectador daqui é gentil, quer mostrar seu carinho."

AUTOENGANO
Ron Daniels, que começou como ator nos anos 60 no Teatro Oficina e a partir dos anos 70 se estabeleceu como encenador em companhias como a Royal Shakespeare Company e o American Repertory Theater, acredita que o problema é maior nos Estados Unidos e no Brasil.
"Em Nova York eles sempre se levantam. Na Inglaterra, só em musical, Shakespeare não", diz ele. "Eu detesto esses aplausos, o espetáculo perde o valor. Mas, quando é merecido, a 'standing ovation' [aclamação de pé] é maravilhosa."

Para Daniels, o fenômeno "é muito esquisito: a plateia se congratula a si mesma". Michael Billington, que é crítico do londrino "Guardian", concorda que a febre do aplauso de pé surgiu com o público "tentando enganar a si mesmo", sugerindo que a cura teria de partir dele. 


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/01/1401502-febre-de-aplauso-de-pe-incomoda-artistas-e-criticos-de-teatro.shtml

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Praça do Papa ganha maior tanque para observar tartarugas no Estado - Gazetaonline

Quatro das cinco espécies de tartaruga que há no Brasil estarão no local
Crianças e adultos, visitantes ou moradores de Vitória, poderão observar, a partir des, espécies de tartarugas no que será o maior tanque para observação desses animais em todo o Estado.
Local tem 226 metros quadrados e capacidade para 112 mil litros
Local tem 226 metros quadrados e capacidade para 112 mil litros
Foto:Carlos Alberto Silva











O Projeto Tamar, em parceria com a Prefeitura de Vitória, abre oficialmente quinta o tanque com visores subaquáticos, na Praça do Papa, na Enseada do Suá.
Mesmo oficialmente ainda fechado, quem esteve ontem no Tamar conseguiu ver bem de perto o que estará amplamente exposto para a população a partir de amanhã.
Crianças de todos os tamanhos e idades corriam de um lado para o outro para conseguir ver as três tartarugas no local.
“Ele é fã. A gente vem umas quatro vezes por ano. Ele gosta de natureza, bicho, tartaruga. A gente estimula, mas ele por conta própria já gosta”, diz o engenheiro Bruno Coelho, 44, sobre o filho Leonardo, 3, um dos mais empolgados ontem no local.
Tanque
O tanque tem 226 metros quadrados e capacidade para armazenar 112 mil litros de água. No local, estão as espécies tartaruga-verde, tartaruga-cabeçuda, tartaruga-de-pente e tartaruga-oliva.
“Das cinco espécies existentes no Brasil, quatro estão aqui”, ressalta o oceanógrafo Paulo Rodrigues, da Secretaria de Meio Ambiente de Vitória (Semman). “A tartaruga-verde, por exemplo, você só encontra na Ilha de Trindade, em Fernando de Noronha e no Atol das Rocas.
Paulo Rodrigues explica que as tartarugas que estão no local foram criadas desde pequenas no tanque e que a ideia é recuperar as que são selvagens e devolvê-las ao mar.

Fonte: http://novo.gazetaonline.com.br/noticias/cidades/2017/01/praca-do-papa-ganha-maior-tanque-para-observar-tartarugas-no-estado-1014019686.html